segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Os Jornais piauienses já descobriram o que é a internet?



Por: @juniorpi  


Parece que não!
Creio que as maiores surpresas da ultima década surgiram no ano de 2011, com uma série de revoltas em países do Oriente Médio, iniciadas principalmente nas redes sociais, que conseguiram mobilizar e agregar multidões em vias públicas, para pedir a saída de governantes – na maioria dos casos eram verdadeiros sanguinários – que jamais se imaginara fora do poder. Era assim na Tunísia, no Egito, no Iemên, no Emirado do Qatar e na Líbia do ditador assassinado Kadafi. Na prática, o que aconteceu nessas revoltas foi a mobilização, pela primeira vez, de milhares de pessoas pela Internet, deixando claro a possibilidade de organização e do chamado ciberativismo. Entende-se por ciberativismo a utilização da Internet com o objetivo de “divulgar causas, fazer reivindicações e organizar mobilizações”. A nova geração que era tida como despolitizadas, alienadas, drogadas, paralisadas, nerds, hiperindividualistas, etc, surpreende completamente nesse início de século. 
Dentro deste contexto das revoltas árabes, descontentamentos globais, ciberativismo, redes sociais, surge também no Piauí, ocasionados por uma enorme onda de insatisfação do cenário atual de injustiças e desigualdades sociais, alguns movimentos que conseguiram tirar as manifestações da realidade virtual e transportá-las para as ruas, através de grandes mobilizações; causando grande desconforto nos setores mais conservadores da sociedade. Os maiores exemplos são: #SOSUESPI #ASSINAELMANO e #CONTRAOAUMENTO.  A comunicação, mobilização e organização, foram feitas predominantemente pela internet através do twitter e facebook. Gerando um movimento acentrado, plural e desconcertante, no qual os manifestantes, informavam se tratar de uma ação horizontal, isto é, distante de hierarquias rígidas e dos salvadores partidários. “Nunca antes” na história de Teresina, protestos tinham tomado tais proporções.
Das três manifestações, o caso mais emblemático, polêmico e paradoxal, sem dúvida, foi o do  movimento #contraoaumento, um protesto de jovem, predominantemente estudantil, que foi às ruas em reação aos aumentos das passagens de ônibus. Reunindo milhares de ativistas que pararam o trânsito de uma das principais avenidas da cidade. Teresina ficou completamente desvairada. A inovação desses acontecimentos está na forma de movimentação política e social, ou seja, um “ativismo” iniciado principalmente nos meios eletrônicos por um contingente enorme de pessoas que jamais teve voz, exceto pelo procedimento tradicional do voto.
Diante do verdadeiro alvoroço causado pela Internet, a imprensa local, de forma amadora e provinciana, preferiu destilar todo seu conservadorismo contra qualquer ameaça ao seu Statu quo - vale lembrar que melhorias para uma maioria podem colocar em risco os interesses de uma minoria - É fato que a imprensa se sentiu intimidada, porque a sociedade se organizou para cobrar mais responsabilidade de seus veículos que agem como se fosse imparcial, mas que possuem uma clara preferência partidária.  Enquanto os manifestantes reivindicam: manutenção no preço da passagem, uma integração de verdade, licitações nas linhas de ônibus, entre outras questões; A imprensa convencional local, junta com os governantes, preferiu usar a tática do terror e agir de forma esquizofrênica para confundir a opinião publica com questões, sempre as mesmas, secundárias, do tipo: divulgar exaustivamente que as manifestações têm motivações partidárias e eleitoreiras, matérias que induzem a criminalização dos atos e que os “baderneiros” estão cerceando o direito de ir e vir da maioria da população, etc. Ou seja, em momento algum buscaram evidenciar se as reivindicações são justas ou não. Geralmente publicam comentários e matérias sem ouvir os manifestantes. No caso, percebe-se uma cobertura em que a informação nem sempre é averiguada da melhor maneira, de acordo com os princípios básicos de um jornalismo ético.
O posicionamento da mídia local convencional gerou uma tensão: quanto mais a imprensa tradicional tentava deturpar os acontecimentos, mais os manifestantes mostravam outra versão através das redes sociais. O papel da mídia tradicional regional foi questionado. Será que jornais e jornalistas podem se aventurar a distorcer e a mentir da forma como se fazia num passado não tão longínquo? Emissoras de TV podem maquiar os fatos, prejulgar população e construir matérias atreladas à visão de seus “patrocinadores”, mesmo quando a população sabe quem é e como pensam estes “donos”?  Como legados dessa imprensa tradicional, conservadora, ranzinza e rancorosa temos: jornais de baixa qualidade, emissoras de Rádio voltadas a difusão de ideologias político-religiosas, emissoras de TV que confundem opinião publica com a pessoal do dono, jornalistas mal remunerados,  redações castradas e pouco afeitas à pluralidade de idéias, etc. tudo isso sob o controle de políticos e empresários, sedentos por transformarem telespectadores em eleitores.
“Atentei bem”, a grande imprensa precisar acordar para o fato que é impossível fazer jornalismo na atualidade sem levar em conta a colaboração do publico e o que anda rolando nas redes sociais. É deste conjunto que virão pautas, diálogos e quem sabe a própria manutenção do oficio de jornalista. Desta forma, a imprensa que insistir em subestimar o poder da Internet, que é um meio facilitador no processo de produção e difusão de conteúdo, contribuindo, cada vez mais, para a pluralidade de vozes no ambiente virtual, está fadado ao fracasso. Os meios de informação que não se renovarem, isto é, os meios que abdicarem da busca constante por novas perspectivas dos acontecimentos, insistindo em rejeitar um diálogo sincero e coerente com as novas tecnologias de informação, pode acordar um dia e ter a surpresa de sentir-se obsoleto, desnecessário e ridículo. Este dia pode está mais próximo que se imagina; talvez ontem, hoje ou amanhã. Até porque, as redes sociais virtuais vêm crescendo como uma eficiente ferramenta de mobilização e como uma nova alternativa de comunicação; por possuir maior agilidade na disseminação da informação, capilaridade e a possibilidade de cada indivíduo expressar e disseminar os acontecimentos.  Como pregam alguns ativistas: “Odeia a Mídia? Torne-se Mídia”. O pólo de emissão foi liberado. Agora, todos podem (com mínimos recursos) produzir e circular informação sem pedir autorização ou o aval a quem quer que seja. Vivemos tempos de uma geração que de forma lúdica não mascara nenhum tipo de “conteúdo político oculto e perigoso”. "Tudo é permitido!".
É inegável que vivemos um fenômeno que alterou as regras do jogo entre os veículos tradicionais e os alternativos de comunicação. No Brasil, as potencialidades são enormes e cada vez maioires. Hoje somos o 5º país com o maior número de conexões à Internet. Segundo o F/Nazca, somos 81,3 milhões de internautas tupiniquins (a partir de 12 anos), o país terminou o ano de 2011 com 38 milhões de acessos à internet móvel. Muitas pessoas se utilizam das diversas mídias sociais (twitter, facebook, orkut) para obter informações. Sem perceber, “os brasileiros estão aprendendo o be-a-bá do ciberativismo nas suas práticas cotidianas na rede”. Basta um empurrãozinho para o estopim de movimentos. Antes, votava-se e só quatro anos depois o político se sentiria ameaçado, agora as regras do jogo podem sofrer mudanças durante a partida. Pense nisso, caro governantes, antes de tomar qualquer decisão importante, não custa nada consultar as redes sociais. Porque depois, as conseqüências podem ser irreversíveis. Não dá mais para desprezar a presença crescente das pessoas nas novas mídias. E isso terá um impacto cada vez maior.


6 comentários:

  1. Confesso que...tá ótimo sem mais delongas. =D

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  2. muito lúcida sua crítica. a mídia piauiense no geral é mesmo "preguiçosa". mas como vc mesmo colocou "o impacto será cada vez maior" e a mídia conservadora só terá dois caminhos diante das novas audiências, que vem se formando e se informação nas redes sociais: mudar ou morrer. creio q seja uma questão de tempo.

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  3. A situação é de vergonha.Vergonha pela classe que represento: os jornalistas! Vergonha pelos veículos de comunicação amadores que servem apenas de vetores para sustentação dos negócios dos empresários também proprietários dos sistemas de informação.A situação e descompromisso é lamentável. Ainda nos resta a esperança de que as redes sociais sirvam, como têm servido de aparato para a divulgação de outras visões e ângulos.

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  4. fALOU O QUE MUITOS NÃO FALARAM! Bom, muito bom. A regra do jogo mudou

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  5. Excelente juniorpi! Avante!

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